Deu a louca no mundo
Desde a descoberta do fogo, pelo menos, que a humanidade avança conduzida por alguém que desperta a confiança dos demais. Alguns traem essa confiança, como Hitler, que usou o povo alemão como instrumento para exterminar os judeus. Os seguidores do judaísmo, cristianismo ou islamismo acreditam que Moisés atravessou rios e moveu montanhas para levar o seu povo à terra prometida.
Natanyahu (primeiro-ministro de Israel) autorizou os bombardeios que já mataram quase 50 mil palestinos, a maioria civis, mulheres e crianças. Mas quem fornece as armas e o dinheiro para financiar a chacina que está ocorrendo na faixa de Gaza? Os Estados Unidos, óbvio. Desde que me conheço por gente, os americanos estão sempre metidos numa guerra aqui outra acolá, ainda que nada tenham a ver com elas?
A humilhante derrota no Vietnã não serviu de lição. A desastrosa retirada do Afeganistão também, em breve, será esquecida. Agora, todos os olhares estão voltados para Donald Trump que quer acabar com a invasão russa da Ucrânia que, por sinal, é governada por Vladimir Putin, um espião aposentado da KGB, que está há mais de duas décadas no poder. Sem perceber, estamos voltando aos tempos da “guerra fria”.
O retorno de Trump à Casa Branca é cômico, se não fosse trágico (principalmente para os imigrantes). Como é que um sujeito que fala o absurdo de que o aumento da mortalidade de gatos e cachorros da cidade de Springfield (famosa pelo desenho dos Simpsons) se deve ao fato de os imigrantes haitianos estarem comendo os bichanos se elege presidente na nação mais poderosa do mundo? Em qualquer lugar do mundo onde prevalecesse o bom senso, alguém que dissesse isso iria direto para o manicômio. Porém, bom senso é “mercadoria” em falta atualmente.
Trump disse também que vai transformar o Canadá no 51º estado americano, tomar o canal do Panamá, retirar o EUA do Acordo do clima de Paris, impor tarifas não só a China como a própria CEE, perfurar petróleo e abandonar a energia eólica porque, segundo ele, está “matando as baleias”. Trocar o nome do golfo do México para golfo da América. Enfim, como está escrito no slogan de campanha, “tornar a América grande outra vez” - uma alucinação que mal esconde o desejo de uma nostálgica volta ao “imperialismo”.
Cercar-se de big boss das big techs, como Elon Musk (Tesla); Zuckerberg (Meta); Jeff Bezos (Amazon), não irá colocar os Estados Unidos à frente da corrida da IA. Trump esqueceu que os americanos não estão sozinhos no novo imperialismo. O lançamento do aplicativo DeepSeek, pela China, justamente no dia da posse de Trump, foi um duro golpe para os americanos. No mesmo dia, as ações das big techs que apoiam Trump “derreteram” na bolsa e elas perderam bilhões de dólares no valor de mercado.
Trump também é um hipócrita. Trata os imigrantes como terroristas, inclusive enviando imigrantes para a prisão de Guantánamo, quando ele próprio é descendente de imigrantes. Documentos de imigração revelam que sua mãe, Mary Anne, chegou aos Estados Unidos como imigrante e não como turista. Ela, que nasceu na Escócia, embarcou no navio Transilvânia, em Glasgow, com destino a Nova Iorque. De acordo com os registros de imigração preservados pela Fundação Estátua da Liberdade, na ilha de Ellis, Mary Anne obteve visto de imigração antes de sua viagem, o que prova a sua intenção de morar no país.
Por último, e talvez mais importante, Trump não tem apreço pela democracia. Um dos seus primeiros decretos foi o perdão a 1.500 vândalos que invadiram o Capitólio e, estimulados por ele, provocaram a morte de 5 pessoas e feriram mais de uma centena de policiais. Ele também não reconheceu, até hoje, a sua derrota frente à Biden. Suas ideias, se é que as possui, vão na linha dos ditadores de plantão: Xi Jinping, da China; Maduro, da Venezuela, que se “autoproclamou presidente”; Javier Milei, que costuma ouvir conselhos do seu cachorro morto.
Que fique claro que ninguém está culpando o cachorro por conselhos errados. Afinal, ele não foi eleito. Porém, depois de tudo, parando para pensar, não seria o caso de se perguntar: “aonde esse mundo foi parar”?
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